Coordenadora do curso de Musicoterapia concede entrevista a site da Rádio Jovem Pan

Comunicação

10/10/2008

Coordenadora do curso de Musicoterapia concede entrevista a site da Rádio Jovem Pan

Música para a vida

Coordenadora do curso de Musicoterapia fala à Jovem Pan sobre as novidades da profissão

Que tal substituir antidepressivos por música? Esse é um dos resultados de um trabalho com musicoterapia, que consiste na utilização da música e/ou de seus elementos constituintes, como ritmo, melodia e harmonia, destinada a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender as necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.

A musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que alcance uma melhor qualidade de vida, por meio de prevenção, reabilitação ou tratamento.

Trata-se de uma das profissões mais expoentes no mercado atual de trabalho. Não por outro motivo, o site Vírgula, da rádio Jovem Pan, entrevistou ontem a professora Maristela Smith, fundadora e coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação e da clínica-escola de musicoterapia da FMU sobre o curso e a carreira. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra. 


A musicoterapia pode ser considerada uma área da medicina ou é uma terapia holística?


A musicoterapia é uma área da saúde; é uma forma de terapia holística, no sentido de que considera que a parte só pode ser compreendida a partir do todo, que privilegia a consideração da totalidade na explicação de uma realidade, sustentando que o todo não é apenas a soma de suas partes, mas possui uma unidade orgânica. A musicoterapia considera o homem como ser total e complexo (biopsicossocial e espiritual), tanto quanto a própria música, com características impressas únicas, mas que se complementa com o outro. Não pertence a nenhuma outra área acadêmica, como à medicina ou à psicologia, ou mesmo à música. Ela é uma terapia híbrida, mas autônoma em sua estrutura, que atua em equipes interdisciplinares.

É correto o termo "medicina alternativa"?


Há várias formas de atuação em musicoterapia; há vários níveis de aplicabilidade da música e de seus elementos. Esses níveis de práticas clínicas variam de acordo com o nível da terapia e são definidos conforme a importância das intervenções durante um processo musicoterápico. Considera-se um nível auxiliar quando se utiliza a música com objetivos relacionados com a terapia, mas para fins não-terapêuticos, como por exemplo, recreativos; o nível aumentativo refere-se a qualquer prática em que se complementa ou aumentam-se os efeitos de outras modalidades de tratamento. É o caso, por exemplo, da musicoterapia coadjuvante à fisioterapia, psicoterapia ou fonoaudiologia. No nível intensivo a musicoterapia desempenha um papel central e independente, objetivando-se mudanças significativas na situação do cliente; O nível primário trabalha com a musicoterapia de forma indispensável, ou seja, para atingir as principais necessidades terapêuticas do paciente, como por exemplo, em portadores de amusias, avocalias, alexias ou arritmias musicais, ou outras “doenças musicais”.

Um profissional de medicina pode exercer musicoterapia?


Não; o único profissional que pode exercer musicoterapia é o musicoterapeuta, aquele formado em um dos cursos de graduação em musicoterapia, cujo currículo é formado por matérias científicas, artísticas e musicoterápicas propriamente ditas. O especialista em musicoterapia, que cursou 360 horas ou mais em nível lato sensu enriquece seu trabalho complementando-o e diferenciando técnicas em sua profissão de origem. Há uma diferença entre os profissionais musicoterapeutas e os profissionais que utilizam a música como recurso: o objetivo de ser terapêutico e este ser alcançado por meio de parâmetros sonoro-musicais como objetos de estudo caracteriza a ciência-arte da musicoterapia; quando a música é utilizada como recurso, incrementa o trabalho de outro profissional, qualquer que seja sua especificidade.

Existem mitos sobre a musicoterapia? Explique.


Um dos mitos em musicoterapia se relaciona à utilização da música para relaxar. Na verdade, para haver musicoterapia, há necessidade da presença do pilar: paciente, musicoterapeuta e música, entendendo-se por música “som em toda a sua extensão”. O efeito relaxante da música, quando faz parte de um contexto terapêutico pode ser parte de algumas técnicas receptivas e/ou interativas. Nesse caso, analisam-se os efeitos fisiológicos e bioquímicos, capazes de atuar no cérebro desse paciente, pesquisando-se os “porquês” da utilização desta ou daquela música mais seja adequada às suas necessidades.

O curso tem muita procura? Quais são os maiores interessados?


O curso tem tido maior procura de uns anos para cá e o público maior pertence aos jovens, que fazem desta nova profissão, sua primeira (ou única) opção para ingresso na faculdade.

Como está o mercado (é uma área bastante procurada, as pessoas já conhecem, tem clínicas especializadas, aonde pode ser aplicada)?


O mercado de trabalho vem se ampliando de forma lenta, mas intensiva. Hospitais, clínicas, escolas especiais, empresas, casas de repouso, creches, centros de recuperação diversos e demais instituições vêm solicitando a entrada de musicoterapeutas em suas equipes. Como ainda é uma profissão desconhecida pela maioria das pessoas, o número de atuantes ainda é pequeno e muito valorizado.

Depois da faculdade é necessária alguma especialização? O aluno deve fazer algum curso extracurricular durante a faculdade? É necessário algum tipo de "estágio", residência ou coisa do tipo?


O aluno cumpre um currículo de 3400 horas/aula, dentre as quais, em torno de 520 são dedicadas à prática de estágios supervisionados, tanto dentro da Clínica-Escola de Musicoterapia da FMU, quanto em instituições conveniadas. Entendemos que qualquer faculdade forma um profissional, mas não completamente, pois este deverá se capacitar constantemente, com informações atualizadas, principalmente nessa área que, a cada dia, oferece novas estratégias e metodologias em todo o mundo. Entretanto, com o curso de graduação, o profissional musicoterapeuta pode abrir seu próprio consultório ou clínica, trabalhar em quaisquer instituições de ensino ou da área da saúde e atuar dentro das normas legais.

Há quanto tempo existe o curso?


O Curso de Graduação em Musicoterapia (bacharelado) existe, na FMU, desde 2001 e o de pós-graduação (especialização), desde 2006. Até o momento formamos três turmas de graduação e uma de pós-graduação.

O que tem de mais novo na área?


Por ser um curso de referência em infra-estrutura, por oferecer um grau ótimo na qualidade da formação (resultado da avaliação realizada pelo MEC em 2005) do profissional e, por estar inserido no Núcleo da Saúde – único curso do Brasil com este diferencial – a abordagem que o permeia é a musiconeurocientífica. Dentro desta área a musicoterapia neurológica ou o estudo da música no cérebro e comportamento humanos tem aberto grandes possibilidades de desenvolver ciência no campo das neurociências, novo estudo dentro da neurologia, que tem trazido importantes descobertas para a sociedade.